Câmara Municipal de Petrópolis e Uerj vão usar tecnologia 3D para reproduzir detalhes do Palácio Amarelo em projeto de visita virtual

por juliana.fernandes — publicado 29/08/2022 09h30, última modificação 29/08/2022 09h28
Câmara Municipal de Petrópolis e Uerj vão usar tecnologia 3D para reproduzir detalhes do Palácio Amarelo em projeto de visita virtual

Laser scanner gera imagens tridimensionais em alta definição.


Em projeto pioneiro no município, a Câmara Municipal de Petrópolis terá imagens tridimensionais de sua sede, em um casarão construído na segunda metade do século XIX no coração do Centro Histórico da cidade. Segundo o presidente do Legislativo Municipal, Hingo Hammes, os registros, que serão feitos por meio de parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), poderão facilitar possíveis restauros e intervenções futuras e serão utilizados em projeto que prevê a visita virtual ao Palácio Amarelo, revelando em detalhes toda a riqueza arquitetônica do imóvel.

O primeiro passo para concretizar o projeto foi dado neste mês, junto de professores e alunos da UERJ, além de um técnico: a fachada do prédio e o salão Hermogênio Silva foram escaneados com moderno equipamento, que dispõe de tecnologia de ponta, gerando imagens tridimensionais. O trabalho foi feito durante demonstração, a estudantes e à equipe da universidade, de um laser scanner 3D, que está sendo adquirido pela instituição de ensino para projetos do núcleo de Inovação e Tecnologia do curso de Arquitetura e Urbanismo.

O presidente da Câmara Municipal de Petrópolis lembrou que a parceria com a UERJ começou em 2020, com a assinatura de um convênio para levantamento de intervenções necessárias à reforma e revitalização do Palácio Amarelo. Agora, este trabalho conjunto será ampliado. “O Palácio Amarelo é sede do Legislativo, mas também é um ponto turístico importante do município. Faz parte da história da cidade. Estamos trabalhando junto da UERJ para que possamos, de maneira organizada e planejada, fazer as intervenções que são necessárias no prédio, garantindo a segurança e a manutenção do imóvel. O trabalho, uma vez concluído, vai deixar ainda mais evidente as belezas deste espaço”, destaca o vereador Hingo Hammes, que assinou a parceria há pouco mais de dois anos.

O prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal foi construído na segunda metade do século XIX. É tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e passou pela última obra de maior porte em 2012. No trabalho realizado em parceria com a UERJ já foram identificadas as necessidades mais urgentes, como reforma do telhado e intervenções na parte elétrica e hidráulica do imóvel.

Segundo o presidente da Casa, a primeira intervenção a ser feita será a reforma do telhado. O projeto já foi aprovado pelo Iphan. “É uma obra que vai garantir que todos os outros trabalhos no imóvel possam ser realizados de forma organizada e planejada e tenham resultados efetivos. É um imóvel belíssimo, mas bastante antigo, com problemas que precisam ser sanados de maneira permanente”, explicou o presidente da Casa, vereador Hingo Hammes.

A parceria com a UERJ tem previsão de se estender por cinco anos. Além de apontar, com embasamento técnico, as necessidades do imóvel, o convênio garante a estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo vivência na área profissional escolhida, com a devida orientação e acompanhamento. “Ter uma instituição do gabarito da UERJ orientando e acompanhando todo o trabalho significa muito para o Legislativo Municipal. Temos uma necessidade e estamos aproveitando toda a bagagem de uma instituição de ensino da cidade, envolvendo professores e alunos daqui, para um projeto que é do município. Temos, na cidade, escolas, centros técnicos, universidades e centros de pesquisa reconhecidos tanto no Brasil quanto no exterior. Precisamos valorizar isso”, destacou Hingo Hammes.

O escaneamento das primeiras áreas do imóvel, feito este mês, é, segundo o parlamentar, o primeiro passo para um novo projeto com a UERJ. Com a conclusão da compra do equipamento pela universidade e a nova parceria com o Legislativo, será feita a captura de imagens tridimensionais das áreas de visitação do imóvel, mostrando todos os detalhes da arquitetura e também da decoração do Palácio Amarelo.

De acordo com a professora Maria das Graças Ferreira, que coordena o convênio entre Câmara Municipal e UERJ para revitalização do imóvel, esta é uma iniciativa inovadora, que trará benefícios incalculáveis para alunos e professores da instituição, para o Legislativo Municipal e para a cidade, como um todo. “A UERJ está adquirindo este equipamento para fazer o escaneamento do Palácio Amarelo. É algo que conquistamos com inscrição em edital especifico da universidade. Como o investimento é alto e a tecnologia é de ponta, o departamento de Arquitetura e Urbanismo vai também utilizar o sistema em outros projetos”, detalhou.

O prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal foi construído na segunda metade do século XIX. Era de José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, veranista e servidor da Casa Imperial. Após a morte de Mayrink, foi vendido, em 1981, a Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba, que, em 1894, acabou aceitando vender o imóvel à Câmara Municipal, que instalaria, no espaço, por iniciativa do então presidente da Casa, Hermogênio Silva, sua primeira sede própria.

Para transformar o solar em sede do Legislativo, o imóvel passou por várias modificações, incluindo, aí, a construção do teto de estuque principal salão do imóvel, onde hoje acontecem as sessões plenárias. A obra de arte, concluída em 1896, foi feita pelos escultores Henrique Levy e José Huss e é considerada uma das mais belas obras do gênero no país.

Tecnologia a serviço da história

A tecnologia que será utilizada pela equipe da UERJ é de enorme precisão. O sistema é capaz de executar varredura de milhões de pontos por segundo, definindo com exatidão cada um deles. No estado do Rio, já foi utilizada, por exemplo, na investigação sobre o incêndio no prédio do Museu Nacional, em 2018, e no início do mapeamento digital da Favela da Rocinha. Pelo país, o sistema já vem sendo utilizado para preservação do patrimônio histórico e cultural e também na indústria de gás e petróleo.