Em audiência pública na Câmara Municipal, professor catedrático da UFRJ alerta: a Síndrome Alcoólica Fetal é 100% previsível e evitável

por juliana.fernandes — publicado 19/09/2023 16h15, última modificação 19/09/2023 18h14

 

Audiência pública realizada pela Comissão em Defesa da Saúde da Câmara Municipal, em parceria com o Rotary Club Petrópolis e o Rotary Club Imperial, chamou atenção para uma doença que preocupa as autoridades de saúde: a síndrome alcoólica fetal (SAF). A doença, que é congênita e ainda desconhecida por muitas pessoas, é causada pelo consumo de álcool durante a gravidez e pode ter graves consequências para o bebê, incluindo atraso no desenvolvimento motor, déficit cognitivo e distúrbio de comportamento.

O evento, presidido pelo vereador Dr. Mauro Peralta, contou com a presença do vereador Hingo Hammes e de representante da vereadora Gilda Beatriz; do presidente do Rotary Clube Cidade Imperial, Marlon de Castro; do secretário do Rotary Clube Petrópolis, Dagmar Sena; da integrante da SAF Petrópolis, Raquel Gonçalves Lima; da madrinha da SAF Brasil – Petrópolis, Gabriela Loureiro; e da presidente do Elos Clube Petrópolis, Rosina Bezerra de Melo.

A audiência pública contou com a participação especial do professor José Mauro Braz de Lima, doutor em neurociência e catedrático da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que integra o Movimento SAF Brasil Petrópolis. Ele explicou que a Síndrome Alcoólica Fetal constitui um complexo quadro clínico de diferentes manifestações, resultado da exposição da criança ao álcool durante o período da gravidez.

“Existem áreas do cérebro que são mais vulneráveis e podem ser lesionadas pela ação tóxico-metabólica do álcool durante a gestação. Entre as consequências possíveis estão desde anomalias faciais e restrição de crescimento a problemas congênitos, alteração de desenvolvimento do cérebro e anormalidades comportamentais inexplicáveis”, detalha o professor, lembrando que a síndrome alcoólica fetal é 100% previsível e evitável.

Dados mostram que, no mundo, estima-se que a incidência da síndrome alcoólica fetal seja de 1 a 3 casos para 1.000 nascidos vivos, superando índices de outros distúrbios do desenvolvimento neurológico. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 1% das mortes atribuídas ao álcool em 2012 (último dado disponível) diziam respeito a condições neonatais, incluindo a SAF. No Brasil, os dados são mais alarmantes: estima-se que a cada hora surjam de 6 a 8 casos de crianças portadoras de SAF. Ou seja, são cerca de 50.000 casos por ano, uma incidência de mais de 15 em cada 1.000 nascidos vivos.

O vereador Dr. Mauro Peralta lembrou que Petrópolis tem lei municipal de autoria dos ex-vereadores Márcio Muniz e Bernardo Rossi oficialmente a Semana de Prevenção e Atenção da Síndrome Alcoólica Fetal e frisou a necessidade de atenção a este tema. “Precisamos de ações de conscientização e mobilização para mostrar o quanto o álcool pode ser prejudicial ao bebê na gravidez. Estamos falando de uma questão de saúde pública”, afirmou.

A audiência pública pode ser conferida na página oficial da Câmara Municipal de Petrópolis no youtube.